LITCULT

Revista LitCult
ISSN 1808-5016
Revista Mulheres e Literatura
ISSN 1808-5024





CONSTRUÇÃO DO IDEAL FEMININO NA ASSEMBLEIA DE DEUS – Michele Soares Santos e Andre Heloy Avila 




 

Michele Soares Santos

Universidade do Estado da Bahia

 

Andre Heloy Avila

Universidade do Estado da Bahia

 

 
Resumo: Este artigo é um dos resultados do subprojeto de Iniciação Científica Estar no mundo sem ser mundanas”: mulheres pentecostais da Assembleia de Deus, desenvolvido como projeto de iniciação científica. Seu objetivo principal foi identificar os preceitos que a doutrina da Igreja Assembleia de Deus vem estabelecendo, desde sua fundação, para definir o “papel da mulher assembleana, na família e na sociedade”. Em busca do que esta instituição determina como “usos e costumes” adequados às fiéis, recorremos à literatura produzida pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), e, especificamente, às revistas: Lições bíblicas jovens e adultos. Na análise da literatura religiosa da pesquisa, observamos os elementos doutrinários de persuasão e argumentação que a igreja utiliza para que as fiéis respeitem e sigam o que esta prega como sendo o “papel da mulher”.
 
Palavras-chave: Assembleia de Deus; “usos e costumes”; gênero.
 
Abstract: This article represents part of the results obtained by the undergraduate project of ‘Scientific Initiation,’ which was titled Being in the World without being ‘Worldly’: Pentecostal Women in the Assembly of God church. Its main aim was to identify the precepts of the doctrine, since the foundation of this church, while defining the “role of the Assembly woman, in family and society.” We tried to find out what this institution determines as “uses and customs” considered fit to the behavior of the female believers. Therefore, we turned to the literature produced by the Assemblies of God Publishing house (CPAD), specifically the magazine Biblical Lessons Young and Old. We observed then the doctrinal, persuasive and argumentative elements that this church employs to make its female followers to perform the so called “woman’s role.”
 
Keywords: Assembly of God church; “uses and customs”; gender.
 
Minicurrículo: Michele Soares Santos é graduada em História pela Universidade do Estado da Bahia – campus XVIII. Participou do grupo de estudos Cinema e história, no campus XVIII. Foi bolsista de iniciação científica pela PICIN (Programa de Iniciação Científica-UNEB) no projeto de pesquisa: A igreja Assembleia de Deus em Eunápolis: aspectos históricos e das significações de gênero do discurso dirigido às fiéis. Já foi bolsista pela FAPESB (Fundação de Amparo da Pesquisa do Estado da Bahia) atuando no projeto de Pesquisa O cineasta em busca da Brasilidade Perdida: o cinema, os literatos e as representações do cangaço, em continuidade do projeto intitulado História e cinema: o sertão, o cangaceiro e o beato no cinema brasileiro (1950 -1970).
 
Minicurrículo: André Heloy Avila possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1996), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (2000) e doutorado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010). É professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia. Tem experiência na área de Psicologia da Educação, com ênfase em Formação de Educadores e temas relacionados.
 
 


 
CONSTRUÇÃO DO IDEAL FEMININO
NA ASSEMBLEIA DE DEUS
 
Michele Soares Santos
Universidade do Estado da Bahia
 
Andre Heloy Avila
Universidade do Estado da Bahia
 
“Mulher virtuosa quem a achará?”
 

  1. Introdução

De acordo com Silva (2003), a Assembleia de Deus (A.D.) é uma das denominações que mais cresce em quantidade numérica de fiéis e em expansão territorial. No Brasil, Alencar (2010) ressalta que o seu crescimento aconteceu de forma desordenada e impressionante, e informa que sua história teve início na década de 1910, quando os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg chegaram à Belém do Pará e instalaram-se no porão de um templo da Igreja Evangélica Batista. Em 1911, os suecos foram expulsos desta denominação, acusados de persuadir os fiéis com as doutrinas pentecostais. Nesse mesmo ano, acompanhados de outros batistas, adeptos do pentecostalismo, iniciaram os primeiros cultos, então realizados em residências, na cidade de Belém do Pará. Logo, as práticas desta nova Igreja, ainda sem nome, atraíram novos fiéis, possibilitando arrecadar fundos e incentivar a sistematização destas práticas.
Com o aumento de fiéis e o interesse da população pela doutrina pentecostal, em 1911, foi construído o primeiro templo desta Igreja, que só foi registrado oficialmente como Assembleia de Deus, em 1918. Em pouco tempo, esta ‘nova’ religião expandiu-se de modo impressionante, em 1920, já se encontrava presente em vários estados do Nordeste, Norte e Sudeste do país. Alencar (2010) atribui o crescimento da A.D. à prática intensa do proselitismo pelos fiéis e a à proposta de participação na realização do culto e consequente proximidade a Deus, sendo esta a característica inicial de sua expansão, no Brasil.
A consolidação da denominação também deve créditos à criação, em 1940, da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) responsável pela publicação de jornais, revistas, entre outras produções que se tornaram eficazes em divulgar as diretrizes da Igreja e alcançaram grande influência na formação espiritual, moral e cultural das famílias que fazem parte da Assembleia de Deus. Desde então, é a partir de publicações como a revista dominical Lições Bíblicas que os representantes religiosos estabelecem valores e padrões que, seguidos, produzem um modo específico dos assembleanos/assembleanas demarcarem sua diferença perante as outras Igrejas.
Ciente do rigor assembleano no que se refere à vestimenta e ao comportamento, sabendo do papel destas publicações em relação a estes aspectos e à expansão da Igreja, em todo o Brasil, conduzimos a elaboração e realização do projeto de Iniciação Científica intitulado: A Igreja Assembleia de Deus em Eunápolis: história e algumas significações de gênero do discurso dirigido às fiéis.
A realização desse projeto de Iniciação Científica (de graduação) objetivou identificar as regras comportamentais e argumentações morais ditadas pela Igreja Assembleia de Deus, em suas publicações, para tal, constituímos um acervo digital com 32 exemplares da revista Lições Bíblicas Mestre e cento e quatorze (114) Aluno, compreendendo um total 197, correspondentes ao período de 1970 a 2014. Esse material do corpus da pesquisa está disponível a interessados sobre o tema, no laboratório do curso de História do campus XVIII da UNEB.
Esta pesquisa envolve estudos na área de gênero e na de religiosidade, tomados aqui na perspectiva histórica e da produção sociocultural de subjetividades.
 

  1. A Assembleia de Deus no Brasil e a doutrina pentecostal

A igreja Assembleia de Deus enfatiza a bíblia como livro principal e o relacionamento do fiel com o sagrado. A doutrina que a distingue das Igrejas Protestantes históricas diz respeito à crença no batismo com Espírito Santo, manifestação esta que tem como fundamentação bíblica o Novo Testamento (NT). De acordo com Cesar e Shaull (1999), essa experiência religiosa é resultado de cinco estágios considerados essenciais: conversão, fé, obediência às doutrinas e “usos e costumes” da Igreja, renúncia total e oração. A fé da segunda vinda de Jesus à Terra e a obediência à doutrina levam à salvação eterna, a uma vida sem dor, sofrimento e enfermidades.
O batismo com o Espírito Santo é considerado uma conquista individual, adquirida através do relacionamento pessoal do fiel com Deus. Resulta em “manifestações sobrenaturais” e é tida como uma benção. Igrejas adeptas ao fenômeno defendem-no como uma presença total do Espírito Santo nas vidas das pessoas. Conforme Brandt (2005), a doutrina defende que há dons espirituais concedidos por Deus ao fiel, por exemplo, o “falar em línguas”, o dom de cura e o de profecia, significando poder declarar às demais pessoas, a vontade divina. Os que têm esse dom são capazes de interpretar os propósitos de Deus e transmiti-los nas igrejas. O dom de cura é a capacidade de realizar curas milagrosas, desde a uma simples doença a uma mais grave. Segundo Gutiérrez e Campos (1996), o falar em línguas, ou a glossolalia, significa que a pessoa foi batizada e pode desenvolver uma variedade de dons espirituais. Os fundamentos e alicerces seriam encontrados nos textos bíblicos, a partir de uma nova perspectiva cristã, o pentecostalismo.
E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (Atos 2:1-4).
O dom de falar em línguas é a expressão externa da presença de Deus na vida do crente, esse dom é para edificação pessoal do fiel com Deus. Através da glossolalia ele/ela se comunica com o divino. O dom de interpretação de línguas é quando a pessoa interpreta as línguas faladas por alguém e comunica a mensagem do falante a todos os outros, para que possam entender. Esses são alguns dos dons, existem muitos outros, os quais contribuíram para o crescimento e presença da A.D. no país.
O movimento pentecostal teve início nos Estados Unidos da América do Norte, na cidade de Chicago, em 1901, através da Escola Bíblica Betel, fundada por Charles Fox Parham (1873-1929), que elaborou uma definição teológica do pentecostalismo através dos ensinamentos do livro bíblico Atos dos Apóstolos, como se pode identificar na citação acima. Foi em Los Angeles que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os religiosos que incitaram o início da A.D. em Belém do Pará, tiveram contato com o pentecostalismo.
Foi nos EUA que (eles) se conheceram e tomaram contato com a doutrina pentecostal, que tomou grande impulso nesta época em consequência dos movimentos liderados por Charles Parham (em Chicago) e Wiliam J. Seymour (em Los Angeles). Impulsionados por tal doutrina e movidos pelo desejo missionário, Berg e Vingren seguem para o Brasil (FAJARDO, 2012, p. 5).
 
Os suecos desembarcaram em novembro de 1910 na capital Belém do Pará e se hospedaram num espaço cedido pelo pastor de um templo Batista. Quando chegaram ao país não eram os únicos adeptos ao movimento, já existia em 1910 uma igreja pentecostal, a Congregação Cristã do Brasil (CCB). A Assembleia de Deus foi a segunda a adotar a vertente pentecostal criada no país, a partir dela, o pentecostalismo cresceu de forma impressionante.
Conforme Maxwell Fajardo (2012), o contexto em que Igrejas como A.D., se instalaram, foi propício para a sua expansão, o regime republicano brasileiro desfavorecia os pobres. Regiões como Norte e Nordeste sofriam com o abandono dos governantes, opressão do coronelismo e a seca, diante de tais fatores, o pentecostalismo encontrou um campo fértil para conquistar fiéis, principalmente por seus cultos e templos parecerem mais próximos da realidade da sociedade carente.
O pentecostalismo com suas bases na experiência pessoal e no poder do Espírito Santo, dá a oportunidade aos pobres e excluídos de experimentarem uma vivência mais próxima do sagrado, de certa forma dando ás pessoas a chance de alívio e trazendo uma perspectiva de um sentimento de alívio da pobreza e uma possibilidade de evoluir, assim como uma esperança de uma realidade nova, dando às pessoas uma nova motivação para serem felizes (FAJARDO, 2012, p. 58).
 
A Assembleia de Deus, Igreja pentecostal, pareceu corresponder mais diretamente à necessidade da população ao enfatizar o relacionamento direto dos fiéis com Deus, ao transmitir uma oportunidade de ter uma experiência com Deus através do batismo no Espírito Santo, ao não cobrar dos mesmos, formação teológica para a realização de certos rituais, como a prática do proselitismo. A oportunidade de anunciar a sua fé, de contar a sua benção, de se expressar no próprio culto, criou nos fiéis um sentimento de pertencimento que, afirma Alencar (2010), colaborou para o rápido crescimento da Assembleia de Deus.
 
2.1. Assembleia de Deus e as relações de gênero na revista Lições Bíblicas
A igreja pentecostal Assembleia de Deus é conhecida pelo rigor no comportamento e na indumentária dos fiéis. A referida denominação tradicionalmente adota e defende determinados “usos e costumes”, que são colocados como mais fidedignos aos ensinamentos bíblicos e teriam como objetivo conduzir a uma vida regida por uma moral cristã.
Aqui os usos e costumes podem ser vistos como visão de mundo que certamente são utilizados pelos pentecostais para se referir ao rigor legalista, as restrições ao vestuário, uso de bijuterias, produtos de beleza, corte de cabelo e a diversos tabus comportamentais existentes em seu meio religioso (SILVA, 2003, p. 33).
 
 
A igreja passou a adotar normas de condutas conhecidas como “usos e costumes” que “enquadram” os fiéis no que a Igreja dita como certo ou errado. Inicialmente, foram criadas proibições quanto ao trajar e aos comportamentos; condenando especialmente qualquer “vaidade” feminina, roupas justas, curtas, de regata, maquiagens, bijuterias, cabelos curtos, sobrancelhas desenhadas, esmaltes, entre outros. Prescreveu-se também aos homens evitar cabelos longos, bermudas, camisetas e a barba crescida. Para além da aparência certa, a doutrina recomendava não frequentar espetáculos “mundanos” e cinema, não assistir TV ou acessar a internet. De modo geral, pregava/prega contra a pornografia, o sexo antes do casamento, palavrões, entre outros. Os líderes da Igreja acompanhando a sociedade contemporânea, vão estabelecendo como os fieis devem se comportar dadas as “novidades” tecnológicas, legais, culturais etc., e, como se pode ver pelo exemplo da internet, a doutrina e as práticas da A.D. também se adaptam ao que não pode vencer.
Na década de 1990, com a criação do Projeto Década da Colheita, os “usos e costumes” passaram por algumas alterações. Divergências interpretativas da Bíblia entre as lideranças consideradas liberais e conservadores causavam transtornos, o clima de tensão e o objetivo do projeto Década da Colheita mostrava-se distante, efeito causado pelo rigor desta Igreja, que consequentemente contribuía para a saída de membros, “migrando” para outras denominações que apresentassem maleabilidade quanto ao trajar, uso de adereços e acesso aos meios de comunicação. Diante das circunstâncias, lideranças chegaram a um consenso e alteraram algumas restrições doutrinárias.
No que se refere às mulheres, o trajar refletindo decoro, decência e o não uso de trajes masculinos continuou sendo cobrado. (…) A proibição para alteração das sobrancelhas foi uma norma extinta. E a permissão do uso de maquiagens e pinturas por parte das mulheres passou a ser introduzida, desde que sem exageros. Outro aspecto desse abrandamento doutrinário está na permissão do corte de cabelo por parte das mulheres (OLIVEIRA, 2014, p. 57).
 
As modificações foram realizadas de forma a não desagradar líderes liberais e conservadores, com cuidado para não se perder o perfil assembleano, exigência principal dos pastores mais tradicionais. As práticas sociais e a maneira de se trajar deveriam continuar demarcando a diferença dos membros da Assembleia de Deus, dos que não o são. O fim de algumas restrições significou uma maleabilidade feminina quanto ao uso de certos itens, o que veio acompanhado da reafirmação da necessidade de recato, pois, como mostraremos, os assuntos relacionados ao comportamento feminino são constantes alvos das revistas dominicais Lições Bíblicas.
Nos templos, realiza-se a escola dominical que, reunindo os membros para estudarem textos bíblicos das publicações da CPAD, cumpre função primordial na Assembleia de Deus, por ser momento de doutrinação e a partir do qual cada membro pode realizar o proselitismo (Ferreira, 2009). Portanto, as revistas produzidas pela CPAD, constituem instrumento na afirmação doutrinária da Assembleia de Deus para leitores e leitoras, sejam estes estudantes na escola dominical, pastores e membros recentes. Ainda segundo este autor, as revistas contribuíram significativamente para o crescimento e consolidação da Igreja Pentecostal Assembleia de Deus.
As revistas utilizadas na Escola Bíblica Dominical, Lições Bíblicas, merecem destaque já que, depois da Bíblia, esta é a literatura mais usada pelo grupo, dado o seu caráter doutrinário. Nelas se encontram citações bíblicas referentes à temática de cada lição semanal, para cada dia da semana, sendo que, no domingo, o assunto é debatido em classes diferenciadas por gênero e/ou faixa etária (senhoras, senhores, crianças, adolescentes e jovens). Vale ressaltar que a revista Lições Bíblicas é voltada para os jovens e adultos já que para as crianças e os adolescentes são utilizadas outras revistas (FERREIRA, 2009, p. 17).
 
A Bíblia orienta também quanto ao modo de vestir do povo salvo. Ela não estabelece um vestuário “uniforme” para os crentes. Cada um pode vestir-se conforme seu gosto e suas posses. Porém, a Bíblia diz que seja com bom senso. Isto quer dizer que os vestidos não devem ser decotados; que as saias devem ser decentes sob todos os aspectos, para servir de bom testemunho cristão. O homem também deve se vestir de um modo digno do evangelho. O crente renovado, seja mulher ou homem que quer agradar o Senhor (Rm 14.18) não aceita a orientação do espírito do mundo quanto à moda. O mundo não tem direito de determinar o modo de trajar do crente. O crente ama a Deus e esse seu amor ele expressa pela obediência à sua Palavra (Jo 14.15, 21, 23) (CPAD, 3º trimestre, 1984, p. 55).
 
Aqui vemos que as restrições às mulheres ultrapassam as dos homens, para elas são definidas vestes adequadas, que não destacam as formas do corpo. Para os líderes da A.D., a exaltação do corpo incita ao pecado, uma vez que não é preciso consumar o ato sexual, pois desejar ou fantasiar já seria considerado desviar-se. Neste sentido, as publicações mais recentes mostram que não houve muita renovação assim da doutrina, pois a mulher continua sendo considerada como a maior perturbadora da ordem da Igreja, mais vulnerável a desrespeitar ou causar o desrespeito à palavra de Deus. Por exemplo, entre outros, há um longo texto das Lições Bíblicas de 2001, que incorpora como referência trechos bíblicos enaltecedores de valores espirituais femininos.
O texto em apreço torna claro que a real e duradora beleza da mulher brota do seu interior, de onde emana todo o bem, desde que o Espirito habite lá (Rm 8.9): É evidente que a beleza interior da mulher, uma vez que o ser humano é um todo. Não devemos esquecer que a santidade é o fator determinante do equilíbrio do exterior. A verdadeira beleza da mulher não depende de enfeites, adereços ou exibição, mas do atavio de um espírito manso e tranquilo (CPAD, 4º trimestre, 2001, p. 28).
 
Apesar de não haver uma proibição explícita ao uso de maquiagens, enfeites e adereços, a exaltação dos valores espirituais: a beleza da mulher como natural é evidente nas revistas. Como de praxe, as justificativas para tal fazem referências à bíblia, citando trechos de capítulos e versículos, como de João (Jo 14:15, 21.23), para legitimar o que é pregado para os fiéis. Versículos bíblicos estão citados em todas as páginas de todos os números das Lições Bíblicas, sendo a bíblia inquestionável, referencia-lo nas revistas bíblicas significa provar uma verdade estabelecida. É assim que se determinam as roupas masculinas e femininas, o tamanho do cabelo, os comportamentos, a submissão da mulher ao homem e que se elege um modelo ideal feminino, como o descrito abaixo:
Ao contrário da virtuosa, a vil é desprovida das virtudes. A formosura da mulher virtuosa é de natureza ética; a da vil é de caráter meramente estético. A mulher virtuosa prioriza os valores interiores e faz de Deus a fonte de tudo o quanto ela é e representa. Por isso, a mulher virtuosa é tida por honrada! (CPAD, 4º trimestre, 2013, p. 56).
 
Publicado em 2013, este trecho traz um perfil feminino construído pela Assembleia de Deus que é constantemente cobrado, nas escolas dominicais e nos cultos; sendo o mesmo vigiado pelos/as próprios/as fiéis, que observam o comportamento e aparência das mulheres, principalmente das mais jovens; pois seu vestir e comportar deve refletir a virtuosidade da mulher cristã. Conforme Ricardo Gondim (1998), o uso do termo vaidade é incorporado pelos líderes da denominação apenas pejorativamente, associado ao “pecado” e aos perigos de a mulher se sentir bonita, e com isto, causar o desejo no homem. Contudo, o alerta sobre a frivolidade das preocupações estéticas, apresenta outra face: ter o cuidado de manter um estilo sóbrio, simples, mas alinhado e asseado, não só evitaria o risco da vaidade para a própria fiel e a “tentação”, também ajuda a manter cada qual (assembleanos/fiéis; autoridades/leigos; homens/mulheres;) em seu lugar/posição. Posição que a Casa Publicadora da A.D. defende desde sua criação e vemos expressa em revista de 1986.
A Bíblia realça o papel da mulher, na família, na sociedade e na Igreja. À luz das Escrituras, a mulher casada deve viver em sujeição a seu marido, amar a seus filhos e em obediência ao Senhor. Tal submissão não a minimiza [sic] diante do marido e demais criaturas, pelo contrário, honra-a e enobrece-a, pois que tudo quanto ela faz, o faz por amor (CPAD, 4º trimestre, 1986, p. 41).
 
As mulheres são classificadas como donas de casa, mães e esposas, das quais se espera submissão aos seus companheiros e à doutrina, o que é exaltado e defendido como símbolo de nobreza. O papel atribuído a elas reflete a influência de uma sociedade machista que, a A.D. perpetua a desigualdade social, cultural e econômica, fundamentando tal concepção de gênero no sagrado. Nas revistas analisadas, identifica-se uma presença significativa de trechos que se referem ao papel das mulheres como subalterno ao dos homens. O mesmo discurso é repetido:
Segundo a bíblia, Deus criou a mulher para ajudar o homem (Gn 18.20); e para ser a glória do homem (1 Cor 11.7). É seu dever amar seu esposo (Tt 2.4), reverenciá-lo (Ef 5.33), ser-lhe fiel (1 Co 7.3; 5. 10). Os obreiros, especialmente, precisam de esposas ajudadoras. Existem muitas esposas que abandonam suas casas e se esquecem que têm um lar, esposo e filhos para cuidar. A esposa de um obreiro, e de qualquer servo de Deus, não é obrigada a pregar, ensinar, ou ser professora da escola dominical, isto é trabalho de vocação. Em primeiro lugar, o seu dever é cuidar dos seus filhos, se os tem. A mulher cristã deve ser: hospitaleira como a sunamita (2 Rs 4.10); dinâmica e corajosa como Débora, que chegou a ser juíza em Israel (Jz 4.6; 14.5,7). Persistente como Hulda, Mirian, Ana, Maria e as filhas de Filipe (2 Rs 22.14; Êx 15.20; Lc 1.36; At 31.9). Ajudadora como Priscila, a personagem da nossa lição (CPAD, 4º trimestre, 1990, p. 46).
 
As várias referências a passagens bíblicas, como as acima, objetivam sustentar a lógica binária entre os sexos. Claramente, as mulheres são tidas como ajudadoras e não como iguais, perante aos homens; e isto é defendido como ordem divina/natural. Os deveres domésticos, os cuidados com a família e, especialmente, a obediência ao esposo e à denominação religiosa cabem às mulheres – o que garantiria não só a salvação no reino dos céus, como também condições favoráveis às relações domésticas e sociais. As publicações da A.D., desta forma, também ditam posturas, comportamentos, papéis femininos e masculinos, criando e acentuando desigualdades políticas, de direitos, obrigações, acabando por enfatizar a relação entre o dominador (homem) e a dominada (mulher) como incontestável. Discursos como esses ultrapassam a afirmação baseada no biológico:
As justificativas para as desigualdades precisariam ser buscadas não nas diferenças biológicas (se é que mesmo essas podem ser compreendidas fora de sua constituição social), mas sim nos arranjos sociais, na história, nas condições de acesso aos recursos da sociedade, nas formas de representação (LOURO, 1997, p. 22).
As desigualdades de gênero, as hierarquizações entre homens e mulheres são estudadas e criticadas, pois identificadas como construções sociais a serviço de uma cultura ditada por interesses excludentes, que reforçam desigualdades socioeconômicas propagadas durante séculos e que ainda se encontram presentes na sociedade contemporânea.
Perceber que a ideia do ser feminino e masculino é uma construção social que depende muito de cada cultura e de cada grupo social e que, portanto, está relacionada com o contexto e o universo cultural de que que fazem parte, permite afirmar que os tabus sociais criados e impostos aos homens e principalmente as mulheres independe do biológico ou natural dos sexos.
Discutir a aprendizagem de papéis masculinos e femininos parece remeter a análise para os indivíduos e para as relações interpessoais. As desigualdades entre os sujeitos tenderiam a ser consideradas no âmbito das interações face a face. Ficariam sem exame não apenas as múltiplas formas que podem assumir as masculinidades e as feminilidades, como também as complexas redes de poder que (através das instituições, dos discursos, dos códigos, das práticas e dos símbolos) constituem hierarquias entre os gêneros (LOURO, 1997, p. 24).
 
No caso da doutrinação vista nas Lições Bíblicas, observamos a determinação de manter as relações de gênero desiguais como forma mesmo dos fiéis produzirem suas identidades singulares e não somente suas práticas ou posturas religiosas. Sendo que isto com certeza impacta a desenvoltura com que seus membros se movem no cenário social, político, econômico e cultural, uma vez que prega a hierarquização entre homens e mulheres. Essa hierarquia vai além, perpassa as relações entre o ideal de “macho”, forte e valente, que se contrapõe à mulher, frágil e indefesa.
Essas desigualdades sociais baseadas no gênero aprisionam homens e mulheres em padrões limitados e limitantes, pois pretendem estabelecer o que é certo ou errado, o que pode e o que não pode, segundo o sexo genital dos sujeitos.  Embora o sujeito humano seja mais que um receptor passivo, estamos condicionados pelo que vivemos pelo que é construído socialmente. Dessa forma, o conceito de gênero torna-se imprescindível para entender as relações sociais, em especial, porque os estudos de gênero ajudam a expor os mecanismos de controle sobre os “papeis” de gênero, tal como o exercido pela doutrinação da A.D.
Conforme Joan Scott (1992), gênero é um conceito utilizado por historiadoras que problematizam papéis sociais considerados femininos e masculinos, colocando em xeque desigualdades impostas pelas relações de poder, tais como estabelecidas socialmente. O termo serviu para explicar as construções sociais que delimitam o lugar de cada sujeito na sociedade.
Gênero não se refere somente às ideias, mas também às instituições, às estruturas, às práticas cotidianas, aos rituais e a tudo que constitui as relações sociais. (…) o gênero consiste na organização social da diferença sexual. Este não é decorrente da realidade biológica primeira, mas constrói o sentido dessa realidade (GESSER, 2010, p. 65).
 
De acordo com estas autoras, as relações de gênero se encontram no cerne da estrutura social, no cotidiano dos sujeitos, suas práticas e vivências, criando desigualdades sociais ao diferenciar os “sexos”. Portanto, presente nas instituições religiosas seja na organização hierárquica formal ou doutrina. Observamos que tais relações sexistas, no que ser refere à Assembleia de Deus, obedecem a diretrizes que estabelecem modelos femininos e masculinos caracteristicamente desiguais, sendo que a denominação combate tudo que represente uma ameaça a esse modelo estabelecido. Nas revistas Lições Bíblicas, há trechos que são explícitos na crítica ao movimento feminista.
Quanto ao papel da mulher atualmente existem muitas ideias, teorias e movimentos que questionam a posição da mulher moderna, procurando coloca-la em pé de igualdade com o homem. Convém que a mulher cristã baseie suas convicções na Palavra de Deus. É uma questão de compreensão apenas. Deus quis escolher o homem para ser o líder da família em virtude de ordenar as coisas e também pelo fato de o casamento envolver duas pessoas. É claro que uma delas tem de ser a responsável direta pela orientação e pelo bom desenvolvimento. A mulher deve submeter-se à liderança do marido assim, como a Igreja é submissa a Cristo (CPAD, 4º trimestre, 1985, p. 41). (Grifo nosso).
 
No “mundo mundano”, os e as assembleanas convivem com práticas, valores e significações que foram questionados e influenciados pelo feminismo e pela democratização do país, combatendo os efeitos disto, a A.D. voltou-se contra as “ameaças” às relações de gênero e aos costumes ditados por ela, em nome de Cristo. Segundo o que foi observado nas Lições Bíblicas, qualquer repercussão de uma pauta reivindicatória feminista do “mundo mundano” foi combatida por um discurso de exaltação da estrutura familiar e das relações sociais que reafirma a posição de submissão das mulheres aos homens. A defesa da hierarquização entre os sexos é claramente enfatizada.
Em nosso tempo esse princípio tem sido deturpado, porque as mulheres conquistaram um espaço muito grande na sociedade. Tem havido choque entre o ensino bíblico e a filosofia secular puramente humanista, alheia a Deus e à sua palavra. A distinção entre os dois está no fato de que o ensino bíblico tem sua base nos princípios divinos e o pensamento secular é totalmente humano, em que o mundo sem Deus dita os credos, leis e costumes. Deus estabeleceu o princípio da autoridade dentro do lar. As mulheres devem sujeição aos seus maridos, e estes devem ser sujeitos ao Senhor (CPAD, 4º trimestre, 2001, p. 56).
 
As mulheres assembleanas são advertidas a pautarem sua existência e ações cotidianas, nos ensinamentos cristãos, e a rejeitarem tudo que se contraponha ao defendido pela denominação. Contudo, apesar do papel de ajudadora ser uma ideia do próprio Deus, atualmente, a virtude das mulheres estaria atrelada a uma sobrecarrega de trabalho e de esforço para não se desviar da doutrina, inclusive porque hoje em dia é necessário ajudar financeiramente a família, o que obriga ao convívio com o mundo mundano e, ao mesmo tempo, a manter-se como exemplo para suas filhas e outras mulheres:
As pressões e demandas sociais e econômicas dos últimos tempos têm levado multidões de mulheres a buscar o incremento dos recursos financeiros da família, o que não fere os princípios bíblicos. Porém, isso não isenta da responsabilidade de cumprir as orientações do marido no lar, principalmente na educação dos filhos, além da própria manutenção e bem-estar da família. Por mais que esta mulher disponha de pessoas para executar as tarefas rotineiras do lar, sobre ela recai a responsabilidade final das atribuições de uma mãe de família e dona de casa (CPAD 2º trimestre, 2004, p. 20).
 
A despeito da admissão da necessidade de atualização dos “usos e costumes” em função de questões econômicas, o espaço privado do lar e o templo tornam-se ainda mais relevantes para observa-se a exaltação de um modelo feminino que exerce uma dupla jornada, sem descuidar da casa, dos filhos, do esposo e da doutrina. Essa sobrecarga que as mulheres vivenciam é combatida pelo movimento feminista, que visa garantir direitos iguais entre homens e mulheres. “Neste sentido, a luta estende-se também pra a superação da “dupla jornada de trabalho” que obriga a mulher a acumular os encargos profissionais e os de dona-de-casa” (PITANGUY, 2015, p. 65-66).
As desigualdades na inserção no mercado de trabalho em si já refletem a hierarquização de gênero, injusta e irracional, que é questionada a partir da noção de direitos humanos. As mulheres recebem menos sempre e têm menos chances de ocupar cargos de comando e, a tal situação, são adicionadas as dificuldades da dupla jornada diária (HIRATA, 2003). Dado que muitas fiéis tinham/têm emprego formal e que, todos os anos, na semana de 8 de março, estas informações são repetidas pela imprensa, a dupla jornada diária é tematizada pela A.D. como algo que dignifica a mulher cristã, mas não significa igualdade entre os gêneros. Em última instância, ao se submeter a preconceitos de gênero, ao se “deixar conduzir” pelo cônjuge, a mulher fiel garantiria tanto a salvação pós-morte, quanto um ambiente familiar pacífico e harmonioso.
Há, claramente, nos artigos das revistas Lições Bíblicas, uma afirmação da divisão sexual do trabalho, a repetição de definições pré-estabelecidas de depreciação do feminino e valorização do masculino caracteristicamente carregado de determinismo biológico e de herança patriarcal. Apesar de não ser ideal, a dupla jornada é tornada absolutamente normal e os esforços doutrinários se voltam ao aconselhamento das mulheres no sentido de agirem de forma a não desagradar seu esposo, mesmo se este não consegue arcar com despesas, pois, a autoridade deste como “cabeça do casal” não emana de questões materiais, mas, sim, de determinação divina. A esposa deve ser “sábia”, portanto, compreensiva, pode desdobra-se e realizar outros tipos de trabalho, contudo, esse serviço extra não pode e nem deve impedir de realizar as obrigações ditas femininas, como deixa claro este trecho citado acima das Lições Bíblicas.
 
Considerações finais
A Assembleia de Deus defende papéis sociais tradicionalmente sexistas para homens e mulheres como forma de os fiéis conduzirem “uma vida regida pela moral cristã”. Os “usos e costumes” da denominação foram estabelecidos com objetivo de demarcar esta diferença entre assembleanos e os que não seguem a “verdadeira” orientação cristã. Isto a distingue das outras denominações e dos que não pertencem a nenhuma religião (Silva, 2003). Estas prescrições acerca das relações dos fiéis com seus corpos e com as práticas do “mundo mundano”, em especial no tange ao controle do corpo feminino, sempre tratado com desconfiança, remontam à Idade Média, época em que, segundo Le Goff, “a aversão aumentava quando se tratava de suas capacidades sexuais, consideradas as responsáveis pelo pecado e pela a perdição” (MACEDO, 1998, p. 2).
Assim, repetindo advertências de cunho religioso próprias da Idade Média, as mulheres assembleanas são orientadas a se preocupar com os valores espirituais e a deixar em segundo plano os cuidados com aparência física. Porém, embora em suas publicações a A.D. justifique que a vaidade é inimiga da virtude espiritual, a preocupação em inibir a sensualidade feminina e a ênfase na submissão aos esposos não produzem somente a experiência religiosa-espiritual destas mulheres e homens, destes casais e suas famílias.
As Lições Bíblicas contribuem para as desigualdades sociais e para a realização de práticas machistas, dissimuladas como necessárias para a harmonia dentro lar. As lições acabam por reafirmar a lógica binária e desigual entre os “sexos”. A submissão da mulher é enfatizada como um valor, como sinal de honra e alicerce do bem estar da família. As revistas são construídas com a finalidade de que elas, ao lerem, se percebam como ajudadoras dentro do lar e não como iguais e capazes de tomar decisões e dividir tarefas em igualdade. Os artigos das revistas refletem as relações de gênero, observa-se neles:
A imposição de uma sociedade machista, dividida em classes, que inferioriza as mulheres, utilizando-se do discurso dominante como instrumento de disseminação de conceitos e controle. Ao mesmo tempo em que determina que os homens são os sujeitos destinados à atuarem como protagonistas da submissão feminina (SANTOS, 2012, p. 49).
 
Essa estrutura social é legitimada pela denominação, quando exige principalmente a submissão da esposa para com companheiro como sinal de obediência à ordem divina. As revistas da escola dominical colaboram para a manutenção de uma estrutura familiar que coloca os homens em posição de superioridade e menospreza as mulheres, pois esta seria a vontade de seu Deus, o que também poderia ser observado como uma assimetria natural, biológica. Essa estrutura social é legitimada pela denominação, quando exige principalmente a submissão da esposa para com companheiro como sinal de obediência à ordem divina. As revistas da escola dominical colaboram para a manutenção de uma estrutura familiar que coloca os homens em posição de superioridade e menospreza as mulheres, pois esta seria a vontade de seu Deus, o que também poderia ser observado como uma assimetria natural, biológica. A Assembleia de Deus preza pela manutenção desse modelo, e todo aquele destoe desses papéis é tido como desobedientes, de acordo Ricardo Gondim (1998), disciplina é o termo usado pela Assembleia de Deus  como forma de normatização. Observamos que os e as fiéis que são “disciplinados” ficam impedidos de ministrarem a palavra, de evangelizar; eles são separados no banco da disciplina.  Uma vez que se senta nesse banco, se está  impedido  de realizar as mesmas funções de antes, até que se acabe o tempo de disciplina.
Na literatura científico-acadêmica consultada, encontramos também autores/as que mostram que pregar enfaticamente que a desobediência às normas da igreja arrisca a salvação, pressiona o fiel a não infringir as regras ditadas por aquele que “prega a palavra”. Pois,
A salvação para os crentes não é universal; somente uns poucos alcançarão. (…) Ser salvo requer duas coisas: fé em Jesus e obediência à sua palavra. (…) A fé verdadeira ocorre somente quando o homem se humilha, reconhece sua absoluta impotência e submete-se ao total poder salvífico de Jesus (BURDICK, 1998, p. 51).
 
Conforme Oliveira (2014), a salvação é enfatizada por líderes da igreja Assembleia de Deus com objetivo de pressioná-los a obedecer e respeitar as normatizações. Legitimando as normas de condutas da igreja como necessárias para que os membros assembleanos sejam salvos. A obediência simboliza uma prova de compromisso dos/as fiéis com o divino, quem renegam aos “prazeres do mundo” e às coisas terrestres, se entregam à salvação.
Neste sentido, imaginamos que uma investigação junto a membros desta Igreja será um desdobramento lógico desta iniciativa, uma vez que a religiosidade comporá a produção de subjetividades e, consequentemente, de práticas sociais, mas não a determina.
 
 
Referências
ALENCAR, Gedeon. (2003). Assembleia de Deus: origem, implantação e militância (1911-1946). São Paulo: Arte Editorial.
ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. (2015). O que é feminismo. São Paulo: Brasiliense. (Coleção Primeiros Passos).
BRANDT, R. L. (2005). Falar em línguas, o maior dom? Pentecostais, Falta-nos algo? Rio de Janeiro: CPAD.
BURDICK, John. (1998). Procurando Deus no Brasil: a igreja católica progressista no Brasil na arena das religiões urbanas brasileiras. Rio de Janeiro: Mauad.
CESAR, Waldo; SHAULL, Richard. (1999). Pentecostalismo e futuro das igrejas cristãs. Rio de Janeiro: Vozes.
FARJADO, Maxwell Pinheiro. (2012), Religião e memória: afirmação da memória institucional da igreja Assembleia de Deus no Brasil, Revista Brasileira de História das Religiões (ANPUH).
FERREIRA. Jean Nela Rocha. (2009). Assembleia de Deus em Feira de Santana: um estudo das representações políticas na “década da colheita”. Monografia (Licenciatura em História). Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana. 66 f.
GESSER, Marivete. (2010), Gênero, corpo e sexualidade: processos de significação e suas implicações na constituição de mulheres com deficiência física. Tese (doutorado em Psicologia). Florianópolis: Universidade de Santa Catarina. 315 f.
GONDIM, Ricardo. (1998). É proibido: o que a Bíblia permite e a igreja proíbe. São Paulo: Mundo Cristão.
HIRATA, Helena. (2003). Por quem os sinos dobram? Globalização e divisão sexual do trabalho. In: Desafios para as políticas públicas: trabalho e cidadania para as mulheres. São Paulo.
LOURO, Guacira. (2011), Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes.
OLIVEIRA, Rok Sônia Naiária de. (2014). O militar de Cristo todo mundo conhece pelo uniforme: a indumentária da neoconvertida assembleana, Milhã-CE (1990-2012). Dissertação (Mestrado em História), Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza – Ceará. 236 f.
ROCHA, Patrícia. (2009). Mulheres sob todas as luzes. São Paulo: Leitura.
SCOTT, Joan. (1989). Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Tradução: Christine Rufino Dabat, Maria Betânia Ávila. Recife: SOS Corpo, s. d. [New York, Columbia University Press].
SILVA, Cláudio José da. (2003). A doutrina dos usos e costumes na Assembleia de Deus.  Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). Goiânia: Universidade Católica de Goiás. 139 f.
 
PERIÓDICOS:
LIÇÕES BÍBLICAS SAL E LUZ: AS MARCAS DO CRISTÃO ATUAL. Rio de Janeiro: CPAD, 4° trimestre, 1996.
LIÇÕES BÍBLICAS: 1 e 2, PEDRO, A ESPERANÇA DO CRISTÃO EM TEMPOS DE ANGÚSTIAS. CPAD. Rio de Janeiro: 4º trimestre, 2001.
LIÇÕES BÍBLICAS: FAMÍLIA CRISTÃ, EU E MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR. CPAD. Rio de Janeiro: 2º trimestre, 2004.
LIÇÕES BÍBLICAS: MORDOMIA CRISTÃ: SERVINDO A DEUS COM EXCELÊNCIA. CPAD. Rio de Janeiro: 4º trimestre, 2003.
LIÇÕES BÍBLICAS: SABEDORIA DE DEUS PARA UMA VIDA VITORIOSA: A ATUALIDADE DE PROVÉBIOS E ECLESIASTES. CPAD. Rio de Janeiro: 4º trimestre, 2013.
MATURIDADE CRISTÃ. CPAD. Rio de Janeiro: 4º trimestre, 1985.
MATURIDADE CRISTÃ. CPAD. Rio de Janeiro: 3º trimestre, 1985.




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